Quais são os desafios da governança corporativa enfrentados pelas empresas no cenário brasileiro atual
Os desafios da governança corporativa têm agenda importante por parte dos agentes de governança e gestão. O cenário brasileiro atual de intensas crises política e institucional, com profundos impactos econômicos, ao contrário do que muitos possam pensar, apresenta-se como uma oportunidade de revisão de posturas e processos de transformação das atividades empresarias.
As organizações bem sucedidas e empresas familiares emergentes, por exemplo, que não precisam se recuperar ou crescer a qualquer custo para acompanhar o ritmo imposto pelas oscilações econômicas, podem investir mais e melhor em seus processos de profissionalização, revendo estratégias, modelos e práticas, e preparando-se melhor para um novo ciclo de expansão e competitividade da nossa economia na hora da retomada.
Abstendo-se um pouco do tema sobre a corrupção em nosso país, que tem trazido efeitos nefastos e devastadores para a sociedade sob diversos aspectos, principalmente socioeconômicos, e partindo da premissa de que o objetivo de muitas organizações é a continuidade transgeracional a partir de um processo de resiliência que permita a sua passagem ao teste do tempo, questões importantes passam a fazer parte dos desafios e agendas de shareholders, herdeiros e sucessores, bem como dos agentes de governança e gestão.
Tais questões são baseadas em fatores que muitas vezes tiram o sono desses líderes empresariais e que demandam a devida atenção e cuidado, pois impactam direta e indiretamente na continuidade e sustentabilidade do negócio. Podemos elencar algumas delas:
Desafios dos agentes de governança e gestão
– Preocupação crescente com a prevenção de fraudes e corrupções internas – “mecanismos preventivos”;
– Lavagem de dinheiro e corrupção público-privada;
– Questões delicadas de conduta e ética, conflitando com interesses;
– Atendimento à complexidade de novas regulações;
– Conflitos em processos sucessórios: “família x meritocracia“;
– Manipulação indevida de informações corporativas estratégicas: “Quem tem acesso às nossas informações?” “Este dado provê informação de qualidade e integridade?”;
– Acelerada globalização disruptiva, impactando a gestão da transformação dos negócios, bem como o surgimento de novos;
– Novas fronteiras e velocidade competitivas: “competidores não são mais os mesmos”;
– Anseios das novas gerações gerando conflitos temporais de visões;
– Necessidade, entendimento e busca pelo real valor em GRC e Cyber-GRC: “Processos e tecnologias cognitivas”;
– Pressões por crescimento, operações de M&A e capacidade para buscar melhores investimentos ou abertura de capital;
– Incrementos para o aumento de receitas e lucratividade;
– Necessidade, cada vez maior, de profissionalização para acesso ao melhor capital, muitas vezes em conflito com as culturas organizacional e familiar;
– Perdas de participações em mindshare e marketshare;
– Atração e retenção de talentos;
– Preocupação crescente com riscos inerentes à performance e melhores controles, riscos cibernéticos para novos e antigos processos; e
– Acelerada Transformação Digital impulsionando a inovação de modelos: “Industria 4.0”.
Sem dúvidas, podemos ter uma agenda empresarial bastante extensa e a compreensão e (re)adaptação aos novos paradigmas são desafios que também passarão a fazer parte das agendas de agentes de governança e gestão, trazendo a necessidade às organizações, em especial às empresas familiares, de adaptação dos seus negócios aos comportamentos e modelos do século 21 e sua nova economia.
Portanto, encontrar o equilíbrio entre os desafios que os agentes de governança e gestão enfrentam hoje e as estratégias que eles podem empregar para superar os obstáculos, será um fator preponderante na busca do sucesso e sustentabilidade do negócio.
Afinal, como sempre digo: “não podemos governar novos tempos sem novas práticas”.
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