Inventário de Gases de Efeito Estufa: conceito, metodologia e considerações sobre escopos 1,2 e 3

Efeito estufa

Com a crescente preocupação sobre as mudanças climáticas e seus efeitos adversos, a monitorização e redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) emergiram como prioridades críticas para governos, empresas e organizações globais, principalmente após as decisões no acordo Paris oriundo da Cop 28. Nesse cenário, o inventário de gases de efeito estufa surge como uma ferramenta indispensável para avaliar, quantificar e controlar essas emissões.

O Que é um Inventário de Gases de Efeito Estufa?

Um inventário de GEE tem como função realizar uma avaliação minuciosa das emissões de gases de efeito estufa por meio de um processo estruturado de coleta, organização e análise dos dados relacionados às emissões.

O objetivo principal de um inventário é fornecer uma compreensão abrangente das fontes de emissões de GEE em uma determinada área geográfica, setor econômico, empresa ou atividade específica, todavia se realizado de maneira regular, o inventário de GEE pode servir como uma ferramenta de gestão das emissões de gases de efeito estufa.

Os inventários de GEE são ferramentas fundamentais para identificar riscos climáticos e oportunidades de eficiência energética e redução de custos. Isso inclui a identificação de áreas onde medidas de mitigação podem ser implementadas para reduzir as emissões e melhorar a sustentabilidade.

Metodologias de Inventário de Gases de Efeito Estufa

Diversas metodologias e diretrizes amplamente reconhecidas internacionalmente são empregadas na elaboração de inventários de GEE. Alguns dos mais utilizados são:

– IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), elaborou diretrizes específicas para estimar as emissões de GEE em níveis nacional e setorial, sendo frequentemente adotadas pelos países na elaboração de seus inventários nacionais de emissões.

– Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG Protocol), criado pelo World Resources Institute (WRI) e pelo World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), oferece um conjunto completo de diretrizes para a contabilização e divulgação de emissões de GEE, direcionado tanto a organizações quanto a governos.

– ISO 14064: Esta norma internacional estabelece princípios e requisitos para a quantificação, monitoramento e relato de emissões de GEE, permitindo a certificação de organizações conforme padrões reconhecidos globalmente.

Impactos dos escopos 1, 2 e 3 nos Inventários de GEE

Os escopos 1, 2 e 3 desempenham papéis distintos nos inventários de GEE, refletindo as diferentes fontes de emissões associadas às atividades de uma organização. Compreender e gerenciar esses escopos de maneira eficaz é essencial para mitigar os impactos ambientais e promover a sustentabilidade em toda a cadeia de valor.

Escopo 1: Emissões Diretas

O Escopo 1 refere-se às emissões diretas de GEE, são as emissões sobre as quais a empresa tem controle direto. Em outras palavras, são provenientes de fontes próprias ou controladas pela organização. O que inclui atividades como queima de combustíveis fósseis nas instalações da empresa, processos industriais específicos e emissões de veículos pertencentes à organização.

Escopo 2: Emissões Indiretas de Energia

O Escopo 2 inclui as emissões indiretas de GEE associadas ao consumo de eletricidade, calor ou vapor adquirido pela organização, abrangendo as emissões geradas pela produção de energia fora das instalações da empresa, ainda que as empresas não controlem diretamente a produção de energia, elas têm influência sobre as emissões do Escopo 2 por meio de suas decisões de compra de energia.

Escopo 3: Emissões Indiretas de Outras Fontes

O Escopo 3 compreende em todas as outras emissões indiretas de GEE associadas às atividades da organização, mas que ocorrem fora de seu controle direto. As emissões do Escopo 3 representam uma parte significativa das emissões totais de uma organização e são frequentemente mais difíceis de quantificar e gerenciar.

Os inventários de GEE desempenham um papel fundamental na identificação de oportunidades de mitigação das mudanças climáticas. Ao identificar as principais fontes de emissões, as organizações podem implementar medidas para reduzir seu impacto ambiental, incluindo eficiência energética, energias renováveis, gestão de resíduos, reflorestamento e conservação.

Para alcançar as metas estabelecidas no Acordo de Paris e limitar o aquecimento global a níveis seguros, é essencial que governos, empresas e organizações continuem a investir na realização de inventários de GEE e na implementação de medidas de mitigação eficazes.

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Sabrina Moreira

Auditora Semi Senior I | Auditora Especialista Assurance Esg | Contadora | CRC