Indicadores de desempenho são instrumentos de gestão que servem para mensurar a performance da empresa, compreender seu equilíbrio econômico e financeiro, monitorar a evolução dos negócios, além de várias outras finalidades que poderíamos listar aqui. Porém, como o próprio nome demonstra, indicadores apenas indicam! O grande valor estratégico é extraído quando pessoas competentes são capazes de fazer boas análises, a partir dos indicadores disponíveis, para suportar o processo decisório da alta cúpula.
Vamos aprofundar um pouco mais essa reflexão?
Os indicadores econômico-financeiros mais comumente utilizados em demonstrativos financeiros e gerenciais podem ser divididos em quatro categorias. Confira os tipos de indicadores financeiros mais usuais e quais suas aplicações:
- Indicadores de Lucratividade e Rentabilidade
- Indicadores de Endividamento e Estrutura de Capital
- Indicadores de Liquidez
- Indicadores de Atividade
Indicadores de Lucratividade e Rentabilidade
Esses indicadores mostram quanto determinada empresa está lucrando em relação às suas vendas e quanto os investimentos destinados à estruturação e funcionamento do negócio estão sendo rentabilizados. Os indicadores mais utilizados são:
- Margem Operacional: diz respeito à porcentagem do lucro das operações empresariais, após dedução de todos os custos operacionais. É uma forma relativamente simples de mensurar a eficiência da empresa relacionando os custos operacionais com a receita líquida.
- Margem EBITDA: é um termo muito comum no mundo empresarial, mas nem todo mundo compreende exatamente o que significa. Trata-se da abreviação em inglês de Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, ou seja, Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (LAJIDA). Seu objetivo é medir a capacidade da firma de gerir seus recursos empresariais e indica, também, se os ativos operacionais estão gerando caixa, sem a influência dos elementos financeiros e contábeis (que não são operacionais).
- Margem Líquida: ela ajuda a empresa a entender realmente o quanto está lucrando, pois, além de deduzir todos os custos operacionais, retira as demais despesas como impostos, com o custo da dívida, além de assumir os efeitos contábeis de depreciação e amortização.
- Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE): é considerado pelos analistas financeiros um dos indicadores mais relevantes, porque demonstra quanto o capital dos sócios está retornando efetivamente. Para o cálculo, o lucro líquido dividido pelo patrimônio líquido em um determinado período. Assim, ele indicará quão eficaz os gestores da empresa têm sido na gestão dos recursos alocados pelos sócios. Quanto maior o ROE, mais atraente ela se torna para investidores e acionistas.
Indicadores de Endividamento e Estrutura de Capital
São indicadores que demonstram o nível de endividamento da empresa, em relação ao capital próprio aportado pelos sócios, bem como a potencial capacidade de pagamento da dívida em relação à sua capacidade de geração de caixa com as atividades-fim.
- Endividamento Total/Patrimônio Líquido: este índice compara a participação do capital que os acionistas têm alocado na empresa e o que a empresa está devendo a terceiros. É o principal indicador da estrutura de capital.
- Relação Dívida/EBITDA: é um importante indicador da capacidade da empresa de liquidar suas dívidas com a própria geração de caixa do negócio.
Indicadores de Liquidez
São indicadores financeiros bastante comuns e são utilizados pelo mercado para análise de crédito, ou seja, para avaliar se determinada firma, demandante de crédito, tende a ter capacidade para cumprir com suas obrigações. Existem quatro tipos diferentes de indicadores, onde cada um representa um modelo de prazo e capacidade de pagamento.
- Liquidez Corrente: este indicador apresenta a relação entre o ativo circulante e o passivo circulante, mostrando a capacidade da empresa que arcar com suas obrigações no curto prazo
- Liquidez Seca: bastante parecido com o indicador anterior, a diferença é que ele avalia a capacidade de pagamento das obrigações sem considerar o estoque.
- Liquidez Imediata: está relacionado à capacidade da empresa de lidar com emergências e incertezas no curtíssimo prazo. O indicador considera a relação entre as disponibilidades (caixa e equivalente de caixa) e o passivo circulante.
- Liquidez Geral: esse indicador considera a capacidade da empresa de honrar seus compromissos no médio e longo prazo, considerando no cálculo ativos e passivos exigíveis a longo prazo.
Indicadores de Atividade
Servem para mensurar a performance do ciclo operacional de uma empresa.
- Giro de Caixa: revela quantos ciclos financeiros o caixa de uma empresa tem por ano, assim, ela pode determinar se a gestão financeira está firme.
- Giro de Ativo: demonstra quão eficiente a firma está sendo na utilização de seus ativos, por meio da relação entre a receita e o total de ativos.
Como se pode perceber, existem vários indicadores; aqui, só citamos alguns que são mais corriqueiros. Ao longo dos anos de prática de consultoria estratégica, percebemos que muitas empresas constroem interessantes painéis de indicadores, mas extraem pouco deles, por não investirem tempo e equipe para fazer a parte mais nobre do trabalho: a análise estratégica dos indicadores!
Os gestores mais sofisticados são capazes de estabelecer relações entre os diversos indicadores disponíveis, compará-los no tempo e em relação a outras empresas, na busca pelas importantes relações de causa e efeito entre os atos de gestão do passado e seus consequentes resultados demonstrados nos indicadores. Entretanto, essas análises mencionadas nesse parágrafo ainda se referem ao passado. Analistas especializados tendem a brincar que se trata de uma “autópsia”, pois está-se analisando aquilo que já ocorreu.
Um bom exemplo de método para esse tipo de análise é o conhecido Modelo Dupont, que extrai do balanço e do demonstrativo de resultado (DRE) uma série de indicadores e os correlaciona, para explicar quanto o patrimônio líquido está retornando (ROE).
Os níveis mais elevados de maturidade analítica são alcançados quando se consegue aprender com as análises do passado, para se criar cenários possíveis de futuro, baseados nas relações de causa e efeito identificados nos ciclos anteriores. É o que se chama de análise preditiva.
Mas não para por aí: o último nível se alcança quando, além de se predizer o tenderá a acontecer, caso determinadas variáveis se consolidem no futuro, os analistas são capazes de prescrever ações antecipadamente, de forma a mitigar o risco futuro. Essa é a análise prescritiva.
Vocês devem estar se perguntando: “como realizar essas análises, com tantas variáveis envolvidas, em um mundo tão dinâmico e incerto como o que estamos vivendo?”. A resposta está em três pilares – conhecimento extremo sobre a realidade da empresa e seu mercado, domínio das técnicas analíticas e apoio de softwares de análise financeira.
Não é um desafio fácil, mas também não é intransponível. O primeiro pilar, de conhecimento profundo sobre a realidade do negócio e do setor, normalmente está dentro da própria organização – é natural aos gestores e empreendedores (ou deveria ser). Já os outros pilares – domínio das técnicas e ferramentas tecnológicas de apoio, são ofertados pelo mercado. Cabe aos gestores fazerem uma boa seleção do parceiro de negócios que poderá apoiá-los nessa jornada.
Nestes casos, é essencial buscar assessorias financeiras específicas de empresas especializadas, como a Moore.
O que falta na estrutura financeira atual da empresa para uma visão mais estratégica?