Gerando valor financeiro com o ESG

ESG é uma realidade econômica com repercussão local e global. Gerar valor por meio de boas práticas de ESG é desafio preeminente das organizações que queiram alinhar rentabilidade a um legado transformacional para o meio-ambiente e a sociedade, visão imperativa dos negócios contemporâneos, façam o que fizerem, estejam onde estiverem.

Por isso, a Moore promoveu, no dia 28 de novembro de 2023, um encontro inédito de vozes autênticas dessa visão no Brasil, profissionais notórios em ESG que vivenciam a sua aplicação na dinâmica diária dos negócios:

– Marcus Antônio Mandacaru, CEO da TSX Invest;

– Rosane Santos, diretora de ESG da BAMIN;

– Raquel Gouveia, diretora de governança e sustentabilidade do Grupo Montesanto Tavares;

– Antônio Claret, vice-presidente do BDMG; e

– João Paulo Braga, CEO do Invest Minas.

“Nossa ideia é trazer pragmatismo a um conceito tão incipiente quanto relevante para o ambiente de negócios”, esclareceu o anfitrião do evento, Marcus Lindgren, sócio líder de ESG da Moore no Brasil.

Mediados por consultores de ESG da Moore Belo Horizonte, os especialistas compartilharam modos de ver e de promover ações de impacto em ESG que tragam retornos efetivos aos investimentos e esforços corporativos.

Com interação ao vivo de um público seleto reunido no foyer do Museu de Minas e Metais da Gerdau, em Belo Horizonte, e transmissão online para centenas de líderes espalhados pelo mundo, incluindo América Latina, Europa, Ásia, África e América do Norte, o evento trouxe a visão sobre ESG de Anton Colella, CEO Global da Moore:

“Não podemos ouvir pessoas dizendo que têm conformidade com ESG de forma superficial. Precisamos mudar a mentalidade e o que está dentro dos nossos corações em relação a isso. É necessária a transformação de nós, como indivíduos, e do que fazemos como organizações. A Moore deve liderar e ser a maior apoiadora de ESG que o mundo vai ter”.

 

 

Como obter retornos efetivos sobre investimentos e esforços em ESG?

A discussão promovida pelo evento, através de dois painéis interativos com especialistas em ESG levantou pontos primordiais:

  1. Compartilhamento de valor

Para Marcus Antônio Mandacaru, CEO da TSX Invest, antes de mais nada, é preciso ter em mente o conceito de compartilhamento de valor de Michael Porter, em linha com um olhar social, ambiental e de governança. “O compartilhamento de valor como criação de valor econômico simultâneo à criação de valor social para a perpetuidade da empresa”. A TSX Invest é uma empresa com esse DNA, criada para apoiar as empresas e os territórios na sua diversificação econômica, governança e gestão de captação de investimentos.

Mandacaru explica que as empresas precisam transbordar as iniciativas de ESG, para que essas práticas não sejam reduzidas a obrigações. Por exemplo, ter práticas de contratação de diversidade pelo RH ou devolver para o meio ambiente recursos utilizados são obrigações. É necessário transbordar isso por meio de práticas sustentáveis mais efetivas.

  1. Resgate do real papel das organizações

Rosane Santos, diretora de ESG da BAMIN conecta o conceito de compartilhamento de valor com um resgate que precisa ser feito em relação ao real papel das organizações.

“Nós vivemos em um mundo, onde se convencionou dizer que o retorno dos acionistas é o principal – para algumas organizações, infelizmente, esse é o único retorno que se espera. Mas nos dias atuais, se não deixarmos um ativo de valor para a comunidade que sofre a intervenção corporativa, esse valor do acionista vai ser comprometido e reduzido ao longo do tempo”.

Rosane explica que a agenda de ESG no setor de mineração, que é o setor da BAMIN por exemplo, tem sido fortemente provocada nos últimos 10 anos, especialmente em relação ao desenvolvimento socioeconômico do território que sofre a intervenção.

  1. Envolvimento da alta liderança com ESG

Para Rosane, a governança é o elemento que dá a forma e ajuda a dar o tom em todas as iniciativas que as organizações vão priorizar ou escolher adotar, com atenção àquilo que oferece riscos ao negócio.

A BAMIN tem um depósito de minério de ferro no interior na Bahia que está em implantação, com vistas a operar em 2026/2027, englobando uma mina, uma ferrovia e um porto. O comitê de sustentabilidade, formado por altas lideranças e especialistas do grupo já está trabalhando o universo de riscos associado às agendas ambientais e sociais, ajudando a colocar esses temas numa ordem de priorização conectada com os investimentos. Alguns temas conseguem evoluir de baixo para cima, mas outros precisam ser de cima para baixo e a formação de uma governança estratégica é fundamental.

  1. ESG e sustentabilidade

Segundo Rosane, é importante entender que o ESG não anula a sustentabilidade. “O que ele faz é ajudar a colocar mais luz nos temas da agenda de sustentabilidade das organizações que oferecem mais riscos para o negócio. Ao comitê de sustentabilidade compete ajudar a dar tração para que as áreas que cuidam dessas agendas tenham os seus recursos, os seus respectivos patrocínios e as suas respectivas chancelas, para que elas consigam acelerar, melhorar a gestão, diminuir o risco, aumentar a sustentabilidade do negócio e ter uma melhor leitura do investimento que foi feito nessa organização”.

  1. Esforço coletivo social e global

ESG é um esforço coletivo social e global, que requer sinergia entre os diferentes players de uma cadeia. Rosane explica que no caso da descarbonização, por exemplo, os setores precisam ser cada vez mais sinérgicos e colaboradores. Não se trata apenas de descarbonizar a mineração, mas também de os demais setores da cadeia, como suprimentos, serviços, logística entre outros, contribuírem para esse desenvolvimento.

Um esforço coletivo e global, que segundo ela, deve conjugar governança, meio ambiente e social, imbricando todos estes temas: processo produtivo sustentável; mão de obra qualificada sem trabalho escravo e infantil, com respeito às leis; cadeia de suprimentos responsável e ética, com respeito às comunidades e contribuição real com o desenvolvimento socioeconômico; olhar adequado e correto para nossa força de trabalho, saúde e segurança; cuidado com o meio ambiente, pensando em mitigação e compensação. O ESG deve responder a como atuar em tudo isso e, não apenas em disponibilizar um produto sustentável. “Ele ajuda a gente a olhar e entender que esse retorno que o acionista está esperando não pode vir a qualquer custo. Não é mais aceitável a qualquer custo. Ele precisa ser feito de uma forma mais sustentável, mais responsável, para que ele seja perene”, conclui.

  1. Pessoas e propósito

“Essa agenda que vai de encontro das pessoas dá significado às pessoas que trabalham na organização e vai muito além da atividade precípua da empresa. O colaborador se sente mais realizado e entende o papel dele na empresa, na sociedade e no mundo. É uma agenda que extrapola, e muito, os muros da organização”, aborda Mandacaru.

Para avaliarmos a relevância das pessoas na perspectiva do ESG, Rosane explica que devemos olhar para dois públicos: pessoas enquanto colaboradores; e pessoas enquanto sociedade, comunidade e stakeholders de forma geral. Essas pontas “retorno”, “pessoas”, “propósito”, “capex” precisam ser conectadas.

Existem várias maneiras de olhar para isso. A BAMIN, por exemplo, desenhou um KPI sobre vulnerabilidade, para entender a realidade de milhares de pessoas que vivem nas comunidades dos territórios que sofrerão a intervenção e buscar responder, “como a organização, que atua nesse território, olha para as pessoas e consegue junto com vários outros stakeholders, trabalhar em soluções para diminuir essa vulnerabilidade ou ser participante do processo que irá reverter esse quadro”, ela explica.

Rosane traz uma frase de Larry Fink, CEO da BlackRock, um dos maiores fundos de investimentos do mundo: “Os negócios que não tiverem propósito no centro de sua estratégia não irão existir, não terão o lastro de longo prazo”.

  1. Adequação ao ambiente regulatório

A expectativa pela regulação das práticas e divulgações relativas ao ESG é latente no Brasil. A adoção do ESG tem evoluído de voluntária e meritória; para necessidade e obrigatoriedade. Os resultados dessa adequação não implicam apenas em um mundo mais sustentável, mas também na perenidade das organizações que precisam da confiança dos investidores e consumidores para crescerem.

Nesse sentido, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) do Brasil publicou, no dia 20 de outubro de 2023, a Resolução CVM 193, que determina que as empresas brasileiras adotem as normas estabelecidas pelo International Sustainability Standards Board – ISSB como referência padrão na adoção de relatórios de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade. Neste artigo, nossa auditora especialista em ESG, Sabrina Martins, explora o assunto.

Para Rosane, essa regulação é um marco, tornando o setor financeiro “um bloco de conhecimento que se soma para dar, cada vez mais, robustez e credibilidade a toda a narrativa de sustentabilidade e ESG”.

  1. Inovação na captação de recursos

Ao explorar como o BDMG tem financiado as iniciativas de ESG, Antônio Claret, vice-presidente do banco, explica que a instituição financeira precisou se reinventar nos últimos anos. “Hoje, quase 100% dos recursos que são fonte de crédito para as empresas mineiras são recursos captados lá fora. Obviamente, quando se fala em captação de recursos internacionais, se você não estiver absolutamente alinhado aos princípios de ESG, você não pega um real lá fora. O BDMG é uma referência em ESG por necessidade, para que a gente possa continuar financiando os projetos de Minas Gerais”, explica. O foco do banco tem sido projetos de eficiência energética e energia verde.

Outro exemplo emblemático de inovação na captação de recursos é o case do Grupo Montesanto Tavares, que trabalha com todas as áreas da cadeia de café – produção, armazenamento e, principalmente, exportação.

O grupo faz a ligação do produtor de café mineiro, parte de São Paulo e da Bahia, com clientes internacionais extremamente sofisticados e exigentes em ESG. Para que os produtores pequenos tivessem condições de investir nessas adequações, o grupo precisou pensar em alternativas viáveis de captação de recursos para essa cadeia, explica Raquel Gouveia, diretora de governança e sustentabilidade do grupo.

“Criamos, então, uma startup, que tem por objetivo fazer esse investimento em pequenos produtores. Foi criada uma tecnologia interessante para concessão de crédito, com uma avaliação mais barata para esses produtores, por meio de satélite e inteligência artificial, usando como garantia o café que eles vendem para a gente, e isso que a gente armazena é a garantia do crédito”, conclui.

  1. Viabilidade econômica

Em relação à importância do ESG como recurso de viabilidade econômica, Raquel compartilha uma visão contundente. Segundo ela, sem ESG, “os bancos, de fato, não vão nem se sentar à mesa com você. Eles não vão conceder linhas, mesmo as linhas básicas com taxas de juros praticados usualmente, se você não cumprir determinadas regras de ESG. Então, mudamos o discurso internamente: obviamente, deveríamos fazer em função do propósito maior, mas ainda que não seja pelo propósito, ainda que o CFO não entenda o ESG como fundamental para a manutenção do planeta, do mundo, para nossos filhos e netos, nós precisamos fazer, no mínimo, para que nós possamos nos sentar à mesa, seja com nossos clientes, seja com nossos investidores”.

  1. Compromisso com a geração de valor

A Jornada CFO Evolution encerra 2023 reforçando o compromisso da Moore com a geração de valor e conhecimento para o público das finanças empresariais, agentes estratégicos das organizações que pretendem se manter firmes diante dos desafios.

A agenda de ESG é um desses desafios e terá nossa atenção genuína em todas as nossas frentes de atuação e aconselhamento corporativos.

O ESG continuará sendo pauta dos nossos materiais educativos, conselhos, serviços e propósito.

Acompanhe nosso hub de conteúdos ESG – Sustentabilidade Empresarial e nossa Jornada CFO Evolution.

Conte com a Moore para enfrentar qualquer desafio relativo à prosperidade dos negócios em um mundo de mudanças. Estamos juntos, numa jornada de real transformação da nossa humanidade.

Moore Brasil