ESG e sustentabilidade: afinal, como esses conceitos se operacionalizam, atualmente, na lógica de mercado do Brasil? E ainda: como estratégias de finanças sustentáveis estão alavancando a maturidade de governança das empresas e gerando mais valor para os stakeholders e a nossa sociedade, com reflexos positivos para o meio-ambiente e a humanidade?
O encontro da Jornada CFO Evolution dedicado às finanças sustentáveis teve essas questões como ponto de partida, percorrendo por uma trilha de conteúdos que tratou do impacto das soluções de ESG na realidade de hoje e de longo prazo das empresas.
Essa trilha foi construída pela fala de três painelistas, cuja atuação desenha o que o Brasil está fazendo, hoje, em termos de ESG: Carlos Braga, professor e coordenador do Centro de Referência em ESG da Fundação Dom Cabral; Gabriel Santamaria, Head de Sustentabilidade do Banco do Brasil; e Gustavo Bcheche, diretor financeiro e de relações com investidores da Aço Verde do Brasil.
Um panorama das finanças sustentáveis
O conceito de finanças sustentáveis deixou de ser apenas uma tendência para se consolidar como uma realidade financeira indispensável.
Para traçar um panorama das finanças sustentáveis, é importante distinguir sustentabilidade de ESG: enquanto a sustentabilidade é uma questão ampla, que abrange preocupações sociais e ambientais em uma escala global; o ESG foca nas ações práticas das empresas e nas suas responsabilidades perante o ambiente, a sociedade e a governança.
Além de explicar essa distinção, Braga contextualizou o desenvolvimento econômico mundial e o seu impacto nas mudanças climáticas, que desemboca em tragédias como a que ocorreu no Rio Grande do Sul, por exemplo.
Embora, para muitos, a sustentabilidade financeira possa parecer abstrata, na verdade, ela já se consolidou como um eixo fundamental no mundo dos investimentos. “Os fundos no Brasil dedicados à sustentabilidade estão dobrando o tamanho, a CVM está trazendo o padrão mais moderno de legislação internacional sobre ESG para o Brasil e empresas listadas estão se posicionando nesse momento”, disse Braga.
Embora haja resistência por parte de executivos ou professores defendendo que o custo com ESG deveria ser do governo, e não das empresas, “a agenda é majoritariamente a favor e esses ruídos não conseguem mudar essa megatendência. No início, era meia dúzia de bancos, poucos pioneiros. Hoje, a curva de adesão mostra mais de 3.300 organizações financeiras se posicionando para promover o ESG. São trilhões de dólares envolvidos nisso”, conclui.
Para as empresas, isso significa que aquelas que não adaptarem suas práticas às novas exigências de sustentabilidade ficarão cada vez mais expostas a riscos financeiros e operacionais, além de perderem oportunidades de acesso a capital mais barato. “As práticas ESG são, acima de tudo, sobre mitigar riscos e aumentar a resiliência financeira”, disse Braga.
O papel crucial dos bancos no financiamento sustentável
Gabriel Santamaria trouxe uma perspectiva prática sobre como o setor financeiro tem sido catalisador de projetos sustentáveis. “O papel do setor financeiro é direcionar fluxo de capital para setores considerados de economia verde, ou mesmo trazer aquelas empresas que estão em setores mais intensivos de emissão, para que elas se tornem cada dia mais sustentáveis”, explicou.
Ele compartilhou a jornada do Banco do Brasil em se destacar na emissão de títulos verdes, sustentáveis e sociais, além de oferecer linhas de crédito com condições diferenciadas para empresas que estão dispostas a adotar práticas sustentáveis. Hoje, o banco possui uma carteira de crédito sustentável que ultrapassa 360 bilhões de reais, representando um movimento expressivo em direção a uma economia mais verde e responsável. Em setores como o agronegócio, o banco já oferece condições vantajosas para financiar projetos de agricultura de baixo carbono e energia renovável, mostrando ser possível alinhar sustentabilidade e lucratividade. Também é destaque, a criação de um framework de metas corporativas, onde o banco se compromete a oferecer taxas de financiamento mais baixas à medida que as empresas atingem metas sustentáveis específicas, criando um incentivo econômico direto para a adoção de práticas ESG.
“Empresas sustentáveis são aquelas que são mais capazes de identificar e gerenciar riscos nas três dimensões – econômica, social e ambiental. São empresas que geram mais valor no longo prazo e, consequentemente, têm uma maior capacidade de prosperar”, definiu Santamaria.
A atuação do Banco do Brasil está na vanguarda dessa visão, traduzindo premissas em ações concretas que estão beneficiando empresas e pessoas ao redor do nosso país.
“A sustentabilidade veio para ficar, tornando-se agenda crucial para o C-level, que precisa se envolver em conhecer, porque isso traz grandes oportunidades e mitiga risco. O que a gente agora tem de entender é a velocidade com que ela avança ou não. Mas esse é um caminho sem volta”, conclui Santamaria.
Case de sucesso: Aço Verde do Brasil (AVB)
Após traçar um panorama das finanças sustentáveis e entender como o setor financeiro está catalisando projetos de sustentabilidade, chegamos à generosa explanação de Gustavo Bcheche, revelando, com riqueza de detalhes, como a AVB se tornou a primeira siderúrgica no Brasil a emitir debêntures verdes. Um case indispensável para o repertório de conhecimento de quem se dedica à gestão empresarial focada na geração de valor.
A AVB, situada em um setor intensivo em emissões de carbono, tomou uma decisão estratégica de utilizar carvão vegetal proveniente de florestas renováveis, em vez do tradicional carvão mineral, para sua produção de aço.
Essa mudança, que começou como uma aposta em um modelo mais sustentável, acabou se tornando o grande diferencial competitivo da empresa. O foco da AVB na sustentabilidade não se limita apenas à questão ambiental, mas abrange toda a cadeia produtiva. A empresa implantou uma série de iniciativas para reaproveitamento de resíduos, redução de emissões de gases de efeito estufa e certificação de suas operações com base nos padrões mais rigorosos de governança e ESG.
A emissão das debêntures verdes da AVB foi possível graças à construção de uma sólida estrutura de governança corporativa ao longo dos anos, com auditorias financeiras e adoção de sistemas ERP que permitiram maior controle e transparência.
Bcheche fez questão de ressaltar que esse processo foi gradual, e que cada empresa pode encontrar maneiras de iniciar sua própria jornada rumo à sustentabilidade, independentemente de seu porte ou setor.
O fato é que o mercado financeiro é o grande indutor da sustentabilidade. Aqueles que não estiverem atentos a essa tendência estarão fora do jogo em pouco tempo.
Para os CFOs e executivos financeiros, o recado é claro: a hora de agir é agora
Sem sombra de dúvidas, este encontro da Jornada CFO Evolution dedicado às finanças sustentáveis formatou um material indispensável de conhecimento prático e sofisticado para o universo corporativo contemporâneo, reunindo três trajetórias de peso da história de sustentabilidade que está sendo desenhada no Brasil.
Vale à pena assistir ao encontro completo e se aprofundar nos insights compartilhados por Carlos Braga, Gabriel Santamaria e Gustavo Bcheche: três grandes estrelas da sustentabilidade corporativa que conseguem materializá-la em ações práticas e tangíveis. Nós, da Moore, estamos, orgulhosamente, honrados por termos promovido esse encontro.
Acreditamos na inteligência corporativa para melhorar o planeta e promover transformações de impacto na humanidade.
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